quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"A Aia", de Eça de Queirós - Comentários

No estudo do conto "A Aia" de Eça de Queirós, pediu-se ao alunos que elaborassem uma ficha de leitura do mesmo. Da estrutura da ficha de leitura proposta, os alunos devem fazer um comentário. Esse trabalho é orientado através de uma lista de tópicos que poderão / deverão ser usados pelos alunos.

Publicamos alguns desses trabalhos:

O conto “A Aia” começa pela morte do rei, logo no segundo parágrafo. A partir daí, passamos a ter o conhecimento de um inimigo da família real, o irmão bastardo do rei, no quarto parágrafo. Também ficamos a saber, com a leitura do quinto parágrafo, que existem dois bebés no palácio: o príncipe e um escravo.
A aia mata-se, de modo a poder ir tomar conta do seu filho; o príncipe fica a salvo, graças à brilhante ideia da aia, de trocar o escravo e o príncipe de berços; o tio bastardo morre esmagado, ao fugir do palácio. Com a apresentação de todos estes pontos, pode concluir-se que a delimitação da ação é fechada. Tudo fica resolvido e a história tem um fim bem definido.
Existem algumas personagens (como por exemplo: o homem que leva o príncipe quando o castelo está a ser assaltado, o cavaleiro que anuncia a morte do rei e o velho que sugere a recompensa para a escrava) no texto que não são suficientemente importantes no decorrer da história para serem aqui descritas. Ou seja, estas personagens são apenas figurantes. O rei acaba por ser uma personagem secundária: tudo gira em volta da sua morte, mas ele não participa diretamente na ação. Existem personagens mais importantes (mas ainda não principais) como: a rainha, o pequeno escravo, o príncipe e o tio. Na minha opinião, a personagem principal é a aia. Em primeiro lugar, porque o título do conto é “A Aia”. Como é a aia que salva o príncipe, isso confere-lhe uma grande importância em toda esta narrativa.
Toda a ação decorre no castelo de um reino, onde habita a família real. Quanto ao meio social, este é um meio de riqueza, pois é descrita a corte real.
Em nenhuma parte é especificado o tempo histórico da história. Mas sabe-se que esta se desenrola num tempo passado, em que ainda existiam escravos, guerras entre reis e reinos e tesouros bastante valiosos. No texto, existem várias provas disso, como é exemplo: “Era uma vez um rei… que partira a batalhar por terras distantes…”, “Mas este era um escravozinho, filho da bela e robusta escrava que amamentava o príncipe.” e “… que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia…”.
O narrador é não participante, e é também subjetivo pois faz alguns comentários a certas situações. Uma frase que o comprova é: “Ai! a presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com o seu guizo de ouro fechado na mão!”.
A aia, ao sujeitar o seu filho à morte, teve uma atitude corajosa e talvez surpreendente, porque não se está à espera que uma mãe entregue o seu filho apenas para proteger o filho de outra pessoa. Quanto à morte da aia, também foi um desfecho inesperado para a história, pois ao aparecer a oportunidade de ficar com diversas riquezas da família real, a escrava só queria saber do seu querido e amado filho. Um título que eu acho que também se encaixaria nesta história era “Um Amor Eterno”, porque a ama quer continuar a cuidar do seu filho no tempo depois da vida (eternidade).
Madalena Castro, 9ºC

       O conto “A Aia” é um texto narrativo que se divide em três partes bem distintas: introdução (1º e 2º parágrafos), desenvolvimento (do 3º ao 17º parágrafo) e conclusão (do 18º ao 20º parágrafo). A narrativa é fechada, pois a ação é solucionada até ao pormenor e dão-nos a conhecer o que aconteceu a cada uma das personagens principais e secundárias.
A personagem principal deste conto é a Aia. Ela era bela, robusta, corajosa, leal e cristã. A rainha, o rei, o seu irmão bastardo, o príncipe e o escravo são personagens secundárias. A rainha estava solitária, triste, chorosa e desventurosa. O rei era moço, formoso, rico, valente e alegre. O irmão bastardo do rei, tio do pequeno príncipe, tinha uma face escura, era temeroso, corrupto, agressivo e cruel. O príncipe tinha o cabelo louro, fino e era frágil. O escravo possuía cabelo negro, crespo, vivia seguro, era simples e livre. Os olhos de ambas as crianças brilhavam como pedras preciosas.
A ação decorre num palácio situado num reino abundante em cidades e searas. As  câmaras (onde o príncipe e o escravo dormiam e a dos tesouros) são os locais centrais desse castelo. O espaço social desta história é um palácio habitado pela rainha, por senhores, pelas aias, pelos homens de armas e outros servos.
Ao longo do conto, são apresentadas várias marcas do tempo cronológico, como por exemplo: “A Lua cheia… começava a minguar” (l. 5 e 6), “Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão” (l. 83) e “…a luz da madrugada, já clara e rósea…” (l. 152).
Nesta história, não existem datas específicas que nos facilitem a localização da mesma no tempo histórico. Como é referido no 15º parágrafo do texto, existiam grandes riquezas da Índia na câmara dos tesouros do palácio real. Podemos assim supor que esta narrativa decorreu durante a época dos Descobrimentos.
Quanto à presença, o narrador é não participante, pois utiliza verbos como “vira”, “apareceu”, “chorou”, “seria” e “era”, ou seja, narra na 3ª pessoa. A sua posição é subjetiva, porque o narrador narra os acontecimentos, declarando ou sugerindo o seu ponto de vista, tal como podemos confirmar com a seguinte frase do texto: “Todavia também ela tremia pelo seu principezinho!” (l. 50).
No meu ponto de vista, a atitude da Aia foi muito corajosa e surpreendente. Ela mostrou que adorava a família real, não por aquilo que possuía, mas sim por aquilo que era por dentro, o que, hoje em dia, é raro acontecer. A escrava era uma verdadeira católica, pois não é qualquer pessoa que, sabendo que não existem provas de que a vida continua no céu, abdica da sua vida, muito menos de a dum filho, a fim de salvar alguém.
Este texto poderia ser designado “A Salvação de um Reino”, porque a Aia salvou o pequeno príncipe; o futuro rei de um reino abundante em cidades e searas.
Inês Cordeiro, 9ºC


O conto “A Aia” baseia-se na história de uma escrava, a personagem principal, que faria qualquer coisa pelo bem do seu reino. A aia acredita que existe vida depois da morte, por isso, quando o seu senhor morre, ela chora a sua morte, mas além disso acredita que o vai servir noutro mundo. Desta forma, as outras personagens da história são: o seu filho, um simples e livre escravozinho; o rico principezinho, de quem a aia tomava conta; o rei que morrera numa batalha; a rainha, que chorou desalmadamente a morte do pai do seu filho; o irmão bastardo do rei, que iria fazer de tudo para conseguir a realeza, ou seja, era o grande inimigo do príncipe que agora não tinha o seu pai para o defender. As personagens referidas anteriormente são personagens secundárias, isto é, não têm tanta importância na história como a aia.
Tudo isto se passa num palácio de um reino abundante em cidades e searas. Palácio esse que passou a ser reinado por uma mulher entre mulheres, o que fez com que faltasse disciplina viril. Deste modo, ao ler este conto, ficamos a saber qual era o ambiente na corte, isto é o espaço social. Assim, a corte é constituída pelos seus reis, príncipes, aias e guardas. Os reis são muitas vezes invejados, daí se causarem várias guerras pelo seu poder.
Quando a aia salva o principezinho de cair nas mãos do seu temeroso tio sacrificando a vida do seu próprio filho, sugeriram que “ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…”. Segundo esta frase do texto, podemos concluir que o conto decorre ao longo da época das descobertas. Contudo, no texto existe referência a cavaleiros, tochas, métodos de batalha mais antiquados como o uso de flechas, entre outros o que faz com que possamos deduzir que o texto se passou na Idade Média, isto é, o tempo histórico deste conto. Quanto ao tempo cronológico, não existem datas apresentadas no texto, mas existem marcas do tempo, como por exemplo: “nesse céu fresco de madrugada”, “ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão”, “noite de Verão” e “a Lua cheia que o vira marchar… começava a minguar”.
O narrador d”A Aia” tem uma posição subjetiva, pois defende uma opinião face ao que conta, leva-se em conta com as emoções e os sentimentos envolvidos na história e faz pequenos comentários, como o seguinte: “Ai! a presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com o seu guizo de ouro fechado na mão!”. Desta forma, demonstra uma pequena preocupação com o futuro do pequeno príncipe. O narrador também demonstra as suas preferências através da utilização de recursos estilísticos, como por exemplo: “Quantas vezes, com ele pendurado do peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos lentos que correriam antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada…” (metáfora). No entanto, o narrador é não participante, porque não participa na história e limita-se apenas a narrá-la.
No final do conto, a Aia pegara num punhal e cravara no seu coração, pois iria ter com o seu filho ao céu. Assim, podemos concluir que o conto é uma narrativa fechada, pois se conhece o definitivo fim da história e o destino das personagens. A história ficou solucionada.
O conto divide-se em três partes, conforme a sua estrutura: a introdução, nos dois primeiros parágrafos; o desenvolvimento, do terceiro parágrafo ao 16º parágrafo; a conclusão, nos três últimos parágrafos. Deste modo, as partes essenciais da ação foram nos parágrafos do desenvolvimento, pois é quando a ação de desenrola.
Para concluir, achei a atitude da aia de uma grande coragem e amor. A aia renunciou ao seu prémio para ir ter com o seu verdadeiro tesouro, o seu filho, ao Céu. Para mim, a aia agiu de uma forma que poucas pessoas o fariam, pois não iriam perder aquela imensidão de ouro e tesouros por nada deste mundo. Visto que a pobre escrava era tão verdadeira e no meio de tanta tristeza por não ter o seu filho, mesmo salvando o seu rei, acho que agiu de acordo com o seu coração, mesmo não tendo sido o que eu inicialmente esperava na conclusão do conto. Desta forma, achava que este conto poderia ter como título “O amor pelo próximo”, pois transmite uma forte mensagem de amor.
Margarida Pinheiro, 9ºC


Neste conto, a introdução localiza-se entre o primeiro e o terceiro parágrafo, o desenvolvimento desenrola-se entre o quarto e o décimo sexto parágrafo e a conclusão corresponde aos últimos quatro parágrafos.  A ação é fechada porque é solucionada até ao pormenor.
Na história, cada personagem tem a sua importância, por isso: a Aia é a principal; o rei, a rainha, o tio bastardo, o príncipe e o escravozinho são as secundárias e o mensageiro, o capitão das guardas, a legião de archeiros, a horda, a multidão e os guerreiros que lutaram contra o rei são os figurantes.
O espaço físico onde se deslocam as personagens é o palácio e o espaço social é a corte (pertencem à nobreza).
A ação é passada de noite (tempo cronológico), tal como está descrito na expressão da primeira linha do nono parágrafo “Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão”.
O tempo histórico é a Idade Média, uma vez que o conto fala da vida na corte, do rei e de batalhas.
O narrador é não participante, pois o discurso é feito na terceira pessoa. Quanto à sua posição, pode ser classificado como subjetivo, uma vez que, nas três últimas linhas do quarto parágrafo, ele declara a sua posição em relação aos acontecimentos.
Na minha opinião, a Aia teve uma atitude nobre, ao abdicar da vida do seu filho para salvar o principezinho, pois só uma pessoa com um grande coração e bondade é capaz de fazer o que ela fez.
Em conclusão, considero que o conto tem o título indicado, pois representa a personagem que teve a atitude mais importante da história (A Aia). Assim sendo, não escolheria outro para o substituir.
Maria Inês Oliveira, 9ºD


O conto “A Aia” é uma narrativa fechada, porque todas as ações são solucionadas até ao pormenor.
As partes essenciais desta história encontram-se no primeiro parágrafo (introdução) que nos diz que o rei parte para a batalha, é também derrotado e acaba por morrer; a partir do quinto parágrafo (desenvolvimento), com o aparecimento do tio malvado que manda atacar o palácio e onde ainda acontece a troca de berços; e ainda nos últimos três parágrafos (conclusão), quando a aia, por amor ao filho crava o punhal no coração.
As personagens são seis, sendo elas: o rei, o tio, a rainha, o príncipe, o escravo e a aia.
O rei era um jovem moço e valente, adorado pelo reino que batalhava por terras, deixando o trono, a rainha e o seu filho recém-nascido sozinhos. O tio é uma personagem cruel, ambiciosa e temerosa que surge com o objetivo de alcançar o reino para poder governá-lo. A rainha é uma majestade chorosa, triste e angustiada, quando sabe que o rei morreu na batalha, quando pensa que o seu filho foi levado a mando do tio e ainda grata quando sabe que a aia o salvou. O príncipe é o bebé herdeiro ao trono, com cabelo louro e olhos reluzentes, protegido principalmente pela aia e por sua mãe. O escravo, também recém-nascido, tem cabelo negro e tal como o príncipe, olhos reluzentes, é um bebé simples e seguro.
Por fim, a aia, a corajosa mãe que sacrifica o próprio filho para proteger o herdeiro ao trono a que sempre foi fiel. Sofredora, dedicada, decidida e perspicaz, assim a podemos descrever.
As personagens principais são: a aia, o escravo e o principezinho, todas as outras são secundárias.
As principais ações deste conto passam-se num grande reino “abundante em cidades e searas”, mas a morte do rei passa-se na batalha onde é derrotado (espaço físico). Todas as ações decorrem numa família real (espaço social).
Não são referidas datas no texto, mas existem algumas expressões como “lua cheia”, “noite de silêncio” e “uma noite”, que nos fazem pensar que os acontecimentos mais importantes aconteceram durante a noite. No entanto, é de madrugada que a aia decide ir ter com o filho, suicidando-se. Se quisermos classificar este conto em tempo histórico, podemos dizer que aconteceu em tempo medieval, graças à existência de batalhas e reinos.
O narrador é um narrador não participante, ou seja, não entra nas ações narradas. A posição que assume é subjetiva, porque apesar de não entrar nas ações que narra, é parcial.
Na minha opinião, a atitude da aia foi surpreendente. Não foi apenas uma aia daquele trono, foi uma mulher fiel, que sacrificou a vida do próprio filho para proteger o principezinho. Acima de tudo era uma pessoa muito decidida e com uma grande coragem para fazer o que Eça de Queirós nos conta.
“A mulher que sacrificou um filho por um reino”, seria este o título que eu sugeria para este conto, pelas razões referidas anteriormente.
Damiana Mateus, 9ºD



NOTA: Atualização do post com a publicação de dois comentários.




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